O amor envolve e mata a gente
Mas sem calor que é que há de se viver
Há quem se diga vacinado
Mas deixa o vírus se abater
Pra ver neguinho arriado
É um arreio
Mas é um arreio bom
Se as pernas tremem
Não é de frio
Se o suor escorre
Não foi o clima que mudou
É o calor
Que passa de você pra mim
O amor é sujeito.
Ativo, inconseqüente
O amor é objeto.
Tem forma e consistência
O amor é autoritário.
Pungente e sem lógica.
O amor é democrático.
Onipresente e é propagado
Quem é que não quer ser amado?!
O amor envolve e mata a gente
Mas sem calor que é que há de se viver
Há quem se diga vacinado
Mas deixa o vírus se abater
Pra ver neguinho arriado
Dalila Fonteles Mauler
-----------------------------------
* O penúltimo estrofe dessa poesia é livremente inspirado em uma poesia minha!
-----------------------------------
No player: Choro Bandido - Chico Buarque (Programa Ensaio)