quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

A noite encantada

         Hoje foi o dia em que ela se vestiu de renda e fita pra brincar o carnaval. Um juízo doido de roda fez seu brincar. Não procurava nenhum mascarado, já sabia onde encontrar, mas não queria. Cantava como Narinha: “mas é carnaval, não me diga mais quem é você, amanhã tudo volta ao normal, deixa a festa acabar, deixa o barco correr, deixa o dia raiar que hoje eu sou da maneira que você me quer.  O que você pedir eu lhe dou., seja você quem for seja o Deus quiser.”  E saiu pelas ruas em festa no meio da chuva.
        Com espírito livre e um pano de confete na mão festejava não sei o quê. No meio daquela gente encontrou quem cantasse junto e quem jogasse confetes também. “Hoje o samba saiu procurando você...”.  Mas não procurava nada além de degustar aquela alegria.
Maria,  Carolina, Márcia ninguém sabia dizer, mas o que importava um nome? Desde então a menina sem nome encantou e vagueia pelas ruas de carnaval e confete.
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post de aniversário pessoal... bueno.. acho que esse conto representa bem meu sentimento do dia...
passei vários dias doente (foi meio sério),  tou me recuperando, mas não o suficiente pra grandes farras. Coisas meio chatas no meu dia, mas algo dentro de mim ainda é paz e sei lá é meu dia né? (Ou talvez esteja começando a aprender um pouco da paz do meu amigo Neguinho...)
Beijo e obrigada pelas felicitações ou mesmo àqueles que pensaram um segundinho em mim hoje.

Belinha aqui do lado aguentando a chatice de esperar eu postar ;p

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Poema Para Um Dia Cinza

Queria fazer uma canção em que pudesse morar
Queria caber na palma da mão de um lunar
Queria ao invés de viver, brotar
Queria em toda a dor flutuar
No céu cinza o meu lugar

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Sem mais palavras... Um dia só de sentimentos.

(No player: A Banda de Joseph Tourton, rock instrumental que recomendo)

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Música Distante

        Quando acordei e sentei à sala antes da varanda distingui ao longe um sambinha antigo. Não sabia quem tocava nem que música era, mas mesmo assim ele me confortava que nem ousava  mexer-me pra que o ruído bom não se extinguisse ou que perdesse minha posição confortável. Pela janela vinha uma brisa branda pra aliviar o calor, como as mãos de Deus que bate com uma e conforta com a outra.
Naquele dia não pensava em nada. Nenhum desejo, nenhum devaneio a me distrair. Apenas olhava o céu e via o tempo passar. Daquele dia não esperava mais do que o sol subindo até depois de tão alto ir caindo, caindo... Até morrer e vir a lua. Os dois que nunca se encontram no céu, mas que nutrem por si um encantamento admirável.
        Era outra vez naquela cidade .  O mesmo encantamento! Abraços que me faziam falta. O ar meio boemio que envolvia tudo ali. Um tom colorido entre as pessoas que se confundia com os tons da cidade. Um barzinho "fulero" para terminar a noite, uma dose de graça de vodka com laranja. Todos pareciam comemorar algo.
        Naquela alegria me perdi e veio então no dia seguinte horas sem pensamento. Despertei com uma música que pude então distinguir "fundamental é mesmo o amor é impossivel ser feliz sozinho". Nada melhor que ouvir logo que se acorda o tal Antonio Brasileiro. Entre uma canção e uma nuvem nova que surgia no céu... "De repente, não mais que de repente" aturdi-me com uma figura estranha que passava na calçada que tinha-me algo de familiar. Levava um porte elegante e trajava um palitó branco de algodão. Na cabeça uma boina lhe dava um ar boemio e despreocupado. Sentou-se no bar em que parecia ser assíduo, levando em conta o cumprimento afetuoso do dono, o bar de onde vinha as músicas que ouvia. Pediu uma cerveja (beber a essa hora em plena terça-feira? Nem se aproxima do meio dia, mas que idéia). Mas havia algo de mistério e de estranhamente conhecido que me atraiu a observar aquele homem.
        Na segunda cerveja apanhou ele um grardanado e pô-se a escrever algo que pelos trejeitos que fazia parecia lírico. Ao terminar pôs-se a declamar os versos:

Como um passarinho
fizestes ninho
no alto Que dantes era flor
comigo aqui no solo era em cor

Me observas com olhos curiosos
que antes eram ternos e calorosos
Mas com teus cabelos em fogo
no vento tenho meu consolo

Com tua dúvida há meu padecer
O tempo lhe fez esquecer
As feições que mudaram pelo mesmo autor

De ti a distância, tens um novo amor
De mim a conformação
Junto a cerveja que tomo agora


Dalila Fonteles Mauler 03/02/2011

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Quem tava no encontro do Eufonia terça deve ter escutado eu dizer que nunca conseguia terminar um conto. Pois não é que desse vez eu consegui! Fazia tempo que não gostava de algo que faço mas até que achei legal esse texto! Quero saber a opinião de vocês.
Obrigada a todos pela acolhida maravilhosa de sempre!
De volta aos blogs de quinta!
Beijo bem grande!